RIBEIRO, Marcelo R. S. Do inimaginável. Goiânia: Editora UFG, 2019, 192p.
Do inimaginável é um livro sobre cinema e direitos humanos. É um ensaio que aborda os usos dos arquivos (audio)visuais dos campos nazistas na história do cinema e explora os sentidos da relação entre as imagens e o projeto cosmopolítico dos direitos humanos.
Publicado em 2019, faz parte da Coleção Expressão Acadêmica, da Editora UFG, e decorre da seleção para publicação e consequente revisão da parte inédita da tese defendida pelo autor no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da mesma universidade, em maio de 2016.
O professor e pesquisador César Guimarães (UFMG) escreve:
Guiado por uma escrita atenta à complexa rede conceitual que sustenta a dimensão utópica do projeto cosmopolítico dos direitos humanos, e por um cuidadoso olhar lançado às formas fílmicas que se valem dos arquivos, Marcelo R. S. Ribeiro indaga de que maneira as imagens, tensionadas pela aparição do inimaginável – sob o desumano registro da barbárie e das distopias – podem tornar possível imaginar, ainda assim, algum mundo comum entre os filmes e seus espectadores. Eleito como um aparelho cosmopoético, o cinema – por meio dos gestos de rememoração e montagem – salva e faz sobreviver as parcelas de humanidade inscritas nas obras de Samuel Fuller, Emil Weiss, Orson Welles, Claude Lanzmann, Alain Resnais, Mikhail Romm e Jean-Luc Godard.
Estas quatro imagens em preto e branco fazem parte do livro, mas aparecem originalmente, em cores, no filme The Big Red One (1980/2004), de Samuel Fuller. Na sequência de planos de que fazem parte, Fuller enxerta, na narrativa da batalha que conduz à abertura e à liberação de um campo nazista, um intervalo dedicado ao encontro entre soldados do exército estadunidense (imagens 1 e 4) e prisioneiros que sobreviveram à experiência concentracionária (imagens 2 e 3).
Sumário
INTRODUÇÃO: HUMANIDADE E MUNDANIDADE
O devir-sensível da consciência da humanidade
Cosmopolíticas e cosmopoéticas
Do arquivo à abertura anarquívica
A política do universalismo e a época dos direitos humanos
O cinema como aparelho cosmopoético
CAMPOS, CONTRACAMPOS
Filmar os campos: arquivamento e testemunho
Ver os campos: arquivo e julgamento
Rever os campos: memória e consciência da humanidade
Disseminar os contracampos
REARQUIVAMENTO FICCIONAL: O ARQUIVO REVISITADO
Pensar o horror: The Big Red One (1980/2004), de Samuel Fuller
Repensar o horror: Falkenau, vision de l’impossible (1988), de Emil Weiss
A pedagogia do arquivo: Verboten! (1959), de Samuel Fuller
A insuficiência da imagem: The Stranger (1946), de Orson Welles
ANTIARQUIVO: O ARQUIVO DENEGADO
A imaginação contra o arquivo: Shoah (1985), de Claude Lanzmann
Shoah e os fantasmas dos desaparecidos e dos sobreviventes
ANARQUIVO: O ARQUIVO REMONTADO
A disseminação interrogativa: Nuit et Brouillard (1955), de Alain Resnais
A confrontação do fascismo no cotidiano: Obyknovennyy fashizm (1965), de Mikhail Romm
O arquivo expandido contra a aniquilação: Histoire(s) du cinéma, 1a. Toutes les histoires (1988), de Jean-Luc Godard
CONCLUSÃO
Sobre o texto
Referências bibliográficas
Referências filmográficas