Atlas de cosmopoéticas, 1950-1980: descolonização e enquadramentos coletivos na emergência dos cinemas africanos [2023-2026]

Página atualizada em 18 de janeiro de 2025 por Marcelo R. S. Ribeiro.

Projeto de pesquisa coordenado por Marcelo R. S. Ribeiro e desenvolvido entre 2023 e 2026 na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia.

Resumo

A emergência dos cinemas africanos está ligada à descolonização e ao surgimento de novos Estados nacionais no continente. Embora haja elementos comuns, essa emergência assumiu formas diversas nas décadas de 1950 a 1970. Para compreender essa diversidade, é comum combinar categorias geopolíticas advindas da colonização (África anglófona, francófona, lusófona) e designações nacionais do pós-independência. Este projeto aborda a emergência dos cinemas africanos a partir do estudo de experiências que, embora possam ser situadas em relação às categorias e designações usuais, exigem o reconhecimento da variabilidade e instabilidade das relações entre essas experiências e múltiplos enquadramentos coletivos. O objetivo geral é identificar e caracterizar as relações entre tais enquadramentos e as experiências transnacionais de figuras como Paulin Vieyra, Ousmane Sembène, Safi Faye etc. (entre Senegal, França, União Soviética etc.), José Celso Martinez Corrêa, Celso Luccas, Ruy Guerra etc. (entre Moçambique, Brasil, Portugal etc.), Sarah Maldoror, Ruy Duarte de Carvalho etc. (entre Angola, Antilhas, Argélia, Portugal, França etc.), Ola Balogun (entre Nigéria, França, Brasil etc.), entre outras possibilidades que podem se configurar no decorrer da pesquisa. Para isso, este projeto participa de uma deriva mais ampla de pesquisa, que denomino atlas de cosmopoéticas, combinando estratégias metodológicas de análise fílmica e figural, pesquisa em arquivos e fabulação crítica, para pensar os cinemas africanos em seus múltiplos contextos de emergência. Por meio do conceito de cosmopoéticas, considera-se a emergência dos cinemas africanos como experiência multifacetada em que está em jogo tanto a confrontação do mundo colonial e a reinvenção de mundos (cosmopoéticas da descolonização), quanto a articulação entre enquadramentos coletivos que se diferenciam, se entrelaçam e se transformam (cosmopoéticas do comum). A descolonização aparece como elemento transversal na atuação das figuras estudadas, que confrontam estruturas e imaginários coloniais, ao mesmo tempo que reivindicam de modo variável projetos nacionalistas, socialistas, internacionalistas, pan-africanistas etc., em que estão em jogo modos diversos e eventualmente conflitantes de imaginar o comum.


Equipe

  • Marcelo Rodrigues Souza Ribeiro – Coordenador
  • Thaís Vieira Costa – Integrante (Póscom – mestrado)
  • Marina Morena Silva Carmo – Integrante (Póscom – mestrado)
  • Lara Freitas de Carvalho – Integrante (Póscom – doutorado)
  • Caio Olympio Matos da Rocha – Integrante (Póscom – doutorado)

Bibliografias compartilhadas

Derivas de pesquisa