Publicado no dossiê “Cinema brasileiro contemporâneo: política, estética e invenção”, organizado por Carla Maia, Patrícia Furtado Machado e Reinaldo Cardenuto Filho, no volume 47, número 53 (jan.-jun. 2020), da Significação – Revista de Cultura Audiovisual, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Ceará, este artigo retoma algumas reflexões anteriores sobre abordagens cinematográficas recentes dos genocídios indígenas que marcam a história do Brasil.
Resumo
Com base na análise das formas cinematográficas de reconstituição da história em Serras da desordem, Corumbiara e Taego Ãwa, identifico a importância da figura dos espectadores indígenas para a compreensão das imagens que os filmes criam e mobilizam. Argumento que o contracampo efetivo, virtual ou espectral dos espectadores indígenas constitui uma figura discursiva operante nos filmes e nas relações que estabelecem com o arquivo da história. A figura do espectador selvagem desencadeia o que denomino montagem anarquívica, perturbando o ordenamento do arquivo histórico produzido pela violência do genocídio e insinuando possibilidades de criação de um mundo comum.
Palavras-chave
cinema, história, genocídios indígenas, arquivo, montagem
Referência para citação
RIBEIRO, Marcelo R. S. Cosmopoéticas do espectador selvagem. Significação – Revista de Cultura Audiovisual, v. 47, n. 53, 2020, p. 110–129. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.160501. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/160501.