Cinemas, 39-44, modernos

Não dava pra apagar o que estava escrito de marcador permanente, mas eu escrevi em volta e fiquei contente com meu quadro novamente.

A história do cinema é também a história de seus fracassos, e um deles abre um buraco no cerne do século XX: 39-44, diz Godard.

Todo cinema é moderno, mesmo quando se diz que é clássico, e o cinema dito moderno já se tornou clássico. Precisamos de nomes melhores pra contar as histórias.

Quando Oumarou Ganda se torna Edward G. Robinson, Alassane Maiga se torna Tarzan, e Jean Rouch orquestra a voz de um e o silêncio do outro, assim como seus ventriloquismos, em um dos filmes mais incríveis da história do cinema, Eu, um negro (1958), que eu gostaria que todo mundo conhecesse.

  • Marcelo R. S. Ribeiro

    Entropólogo da disseminação de mundos e professor de cinema‑delírio na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Autor do livro Do inimaginável (Editora UFG, 2019), coordena o grupo (an)arqueologias do sensível, desenvolve e orienta pesquisas sobre imagem, história e direitos humanos, cinemas africanos, história do cinema, arquivos e descolonização.

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