Quando uma música é capaz de te erguer, de te fazer flutuar, de te fazer voar, como se fosse possível pertencer a ela, morar em suas paisagens, habitar cuidadosamente sua insistente textura de seda, embora aérea.
Quando uma música consegue atravessar sua pele e viajar no vazio sem fundo que ela esconde, porque o mais fundo é a própria pele, e nada há além dos corpos que talvez se entendam fugazmente (nenhuma alma jamais se entende, Manuel, você tem razão, é preciso esquecer a alma para amar).
Quando uma música revolve a memória de outras músicas e ao mesmo tempo abre um clarão imemorial nos olhos, que escorrem seu pequeno sal.
Quando uma música te deixa imóvel, e essa imobilidade é dança.
Nesses momentos, sorriso.
Uma resposta em “A música e a pele: Sigur Rós, Dauðalogn (Valtari; 2012)”
Emocionei-me com o texto, e com a música. Tive toda essa sensação ao ouvi-la, e não consigo parar mais.