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Anotações sobre a adaptação cinematográfica

– É possível sustentar o uso de “adaptação” e “tradução” como sinônimos?

– Se o texto de chegada resguarda vestígios do processo de adaptação, quais os vestígios da perda?

– É possível uma arqueologia da adaptação/tradução (intersemiótica), partindo da obra como vestígio, para pensar o processo de que emerge. Por que não elaborar, à maneira de Elsaesser diante da história do cinema, uma “arqueologia de possíveis futuros” que se perderam?

– Em sua defesa do “cinema impuro” da adaptação, André Bazin se situa entre os que falam de um “espírito da obra”. Mas uma obra possui um espírito pré-definido? Um único espírito? Não seria uma obra também uma coleção de espectros e assombrações?

– Não seria mais interessante pensar o “espírito da obra” como efeito variável de cada adaptação/tradução?

– E afinal: como se delimita o corpo de uma obra, como se fecha um corpus e como se estabelecem os limites entre corpos/corpus/corpora?

– Talvez se possa pensar a adaptação/tradução como um problema de economia (geral), em que está em jogo um processo mais amplo de atribuição e especulação em torno do valor das obras, assim como de captura e disputa dessas obras em meio a diferentes dispositivos.

– Seria preciso, por exemplo, interrogar – mas já se pode dizer desde já: recusar e confrontar – a captura de obras como Macunaíma ou Grande Sertão: Veredas pelo dispositivo nacional, para compreender sua economia geral, entre gênese, circulação, adaptação/tradução etc.

– Se adaptação/tradução participam de uma economia geral em que a obra se dissemina em processo (e, em última instância, não apenas em signo do que a tornou possível, mas em cinza do que se perdeu em seu fogo), e a “parte maldita” do “dispêndio” na economia da adaptação/tradução?