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Introdução: Humanidade e Mundanidade (Do inimaginável, 2019)

Do inimaginável é meu primeiro livro, publicado no final de 2019 pela Editora UFG. Aqui, apresento a introdução desse ensaio sobre cinema e direitos humanos, que se desdobra, nos capítulos seguintes do livro, como um estudo analítico comparado das formas de relação com o arquivo dos campos nazistas na história do cinema.

Para ir além da introdução e ler também os capítulos em que esse estudo analítico é apresentado, é preciso adquirir o livro, que é distribuído pela Editora UFG e pode ser encontrado na Rede de Livrarias UFG. Como ainda não há, infelizmente, uma maneira de obter o livro pela internet, é provável que o caminho mais direto para, possivelmente, conseguir um exemplar, é entrar em contato comigo (pode ser que eu ainda tenha algum dos livros que recebi, afinal).

O livro resultou da parte inédita da minha tese de doutorado, Do inimaginável: cinema, direitos humanos, cosmopoéticas, defendida em maio de 2016, no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, na Universidade Federal da Goiás. Os demais capítulos já tinham sido publicados no decorrer do doutorado, e foram incorporados à tese por estarem relacionados às suas questões centrais, embora apontassem para outros horizontes empíricos. A parte inédita foi revisada, as imagens que a acompanhavam foram alteradas, e o resultado é o livro.

O título da introdução registra duas palavras-chave do horizonte filosófico móvel e instável em que pode ser situada a pesquisa ali iniciada (e ainda não concluída): humanidade e mundanidade. As menções às imagens dos campos são escassas nesse trecho inicial, que procura contextualizar conceitual e historicamente o que denomino projeto cosmopolítico dos direitos humanos. Para fazer isso, meu ponto de partida é a presença de uma expressão que sempre me pareceu absurdamente enigmática, presente em uma das considerações iniciais da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Ali, no preâmbulo, é mencionada “a consciência da humanidade”, como se fosse óbvio o que isso quer dizer.

Tento discutir os sentidos da “consciência da humanidade”, procurando reconhecer e pensar a cena em que ela se inscreve no preâmbulo da DUDH, que é uma cena fundamental para entender o que são, afinal, direitos humanos. Nesse documento fundador de 1948, fala-se, afinal, em “atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade”, e meu argumento no livro será, em parte, sobre o jogo que se estabelece aí, entre o lastro distópico dos “atos bárbaros” e a promessa utópica da “consciência” de uma comunidade mundial da humanidade, como o que em cinema se pode reconhecer como um jogo de campo e contracampo.

A introdução se detém mais demoradamente sobre algumas explicações e questões mais gerais, que são fundamentais não apenas para os demais capítulos do livro, mas para pesquisas mais diversas sobre imagem e direitos humanos, tal como se pode verificar em parte das incursões analíticas que desenvolvi entre 2017 e 2019, assim como em outras derivas de pesquisa que venho elaborando. Conceitos como abertura anarquívica e cosmopoéticas, aí introduzidos, são fundamentais para muito do que tenho tentado pensar desde então, e cada vez mais me parece crucial afirmar sua articulação, na medida (desmesurada) em que toda criação (poiesis) do mundo como mundo comum (cosmos) tem como fundamento contingente (uma vez que movediço, instável, efetivamente infundamental) algum movimento de perturbação (an-) da ordem ou princípio da arkhê.

O itinerário indicado pelos subtítulos pode sugerir um pouco do que se encontra no texto:

  • O devir-sensível da consciência da humanidade
  • Cosmopolíticas e cosmopoéticas
  • Do arquivo à abertura anarquívica
  • A política do universalismo e a época dos direitos humanos
  • O cinema como aparelho cosmopoético

Para ler, acesse agora o texto (e depois me diga o que achou):