Autor: Marcelo R. S. Ribeiro
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Um ou vários livros, 1: cosmopoéticas
Algo como um ou vários livros incompletos se insinua quando reúno o que escrevi em torno do conceito de cosmopoéticas. Eis alguns fragmentos, que se poderia rearranjar, talvez, conforme os interesses de cada leitor ou leitora. O cinema como aparelho cosmopoético e os direitos humanos No livro Do inimaginável (2019), estão algumas das minhas primeiras…
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Aschanti-Figuren, 1896-1903: para uma (an)arqueologia da extração
Publicado no livro Imagens em deslocamento: percursos em Arte e Antropologia, organizado por Marina Cavalcante Vieira, Luís Matheus Brito Meneses e Lucas Vieira Santos Silva, o ensaio “Aschanti-Figuren, 1896-1903: para uma (an)arqueologia da extração” (2025, p. 63-107) aborda alguns registros de jornais de Viena em torno de duas exibições de uma “aldeia Aschanti” no Jardim Zoológico…
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Anarquivar: a memória – A Revolução dos Cravos em O Parto, do Teatro Oficina
A Revolução dos Cravos faz 51 anos neste 25 de abril. Entre os fios que se entrelaçam na derrocada do regime fascista em Portugal, encontram-se as costuras complexas da luta anticolonial no continente africano. De modo geral, compondo teias móveis de articulação transcultural, a luta anticolonial responde ao alcance global do colonialismo e às operações…
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Cenas da sujeição, por Saidiya Hartman
Depois de traduzir “Vênus em dois atos” e “A sedução e as artimanhas do poder”, eu e Fernanda Sousa traduzimos o livro Scenes of subjection: terror, slavery, and self-making in nineteenth-century America, seguindo a edição revista e ampliada por Saidiya Hartman e publicada em 2022 nos Estados Unidos. Com sua primeira edição publicada em 1997, o livro…
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Anarquivar: três notas
Toda pesquisa reabre as dimensões anarquívicas dos arquivos que as instituições que os preservam procuram conter ou neutralizar: (1) a dimensão da matéria, (2) a dimensão da seleção e classificação e (3) a dimensão do uso.
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Rilke shake, Rilke break, Rilke scratch
Em um dos versos do poema “a mulher dos outros”, Angélica Freitas escreve: “noutros tempos rilke me chamaria pro jardin des plantes”. Cito fora de contexto, evidentemente, mas talvez todo texto poético reivindique de alguma forma a quebra ou o transbordamento do contexto, sua trituração, seu dilaceramento, sua mistura com outros contextos. Em toda poesia,…
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Anarquivar: o começo
As histórias são como os oceanos: apesar de parecer que começam (e terminam) em algum lugar, seus limites se transformam incessantemente, em uma dança de vários ritmos entrelaçados (ondas, marés, estações, movimentos tectônicos). Apesar da aspiração ao azul, o que resta tende ao vermelho: The multitudinous seas incarnadine a história à deriva1. A gente acaba…
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Casulo, secreção, segredo
Texto escrito para o livro No Rastro dos Encontros Perdidos: A Mostra Novíssimo Cinema Brasileiro, organizado por Nayla Guerra e Gustavo Maan e publicado na Coleção CINUSP em setembro de 2024. RIBEIRO, Marcelo R. S. Casulo, secreção, segredo. In: GUERRA, Nayla; MAAN, Gustavo (org.). No Rastro dos Encontros Perdidos: a Mostra Novíssimo Cinema Brasileiro. São…
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25 (1975-1977): encruzilhadas amefricanas
Publicado no catálogo do 28º Festival do Filme Documentário e Etnográfico Fórum de Antropologia e Cinema – forumdoc.bh.2024, o ensaio “25 (1975-1977): encruzilhadas amefricanas” aborda o filme de José Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas em torno da independência moçambicana.
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Mostração, atração, extração: regimes de exposição figural na história do cinema
Participei no dia 05 de dezembro de 2024 da mesa redonda “Exposições coloniais e montagens do tempo: zoológicos humanos enquanto Atlas”, com a fala “Mostração, atração, extração: regimes de exposição figural na história do cinema”, como parte da 7ª Semana de Antropologia da UFS, a convite de Marina Cavalcante Vieira (PPGA-UFS), ao lado de João…
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Encruzilhadas cosmopoéticas de 25 em mesa sobre arquivos e descolonização
Entre 6 e 10 de maio de 2024, participei do I Seminário Internacional Arquivo e Contra-Arquivo: política e migração das imagens, organizado por Thaís Blank (FGV), Patrícia Machado (PUC-RJ) e Carolina Amaral de Aguiar (UEL). Realizado na FGV do Rio de Janeiro, o evento incluiu ainda o lançamento da Rede de Pesquisa de Imagens de Arquivo…
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Notas sobre Maya Deren e a bomba atômica
Ainda lidando com a dificuldade de An anagram of ideas on art, form and film, de Maya Deren, que só parece repetir algumas ideias sobre arte e cinema bastante difundidas (em debates sobre especificidade do meio, depuração formal ou Gestalt) na época em que foi escrito. Em meio a essa aparente repetição de ideias já…
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Especular a fruta
Tive a alegria de contribuir para o catálogo da exposição Inservíveis, realizada no Museu de Arte da UFPR no ano passado, que foi recentemente publicado no repositório institucional da universidade. Escrevi sobre Receta para rendir la fruta, de Wiki Pirela, que está disponível no canal de Youtube da artista e pode ser assistido a seguir.…
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Anotações sobre a adaptação cinematográfica
– É possível sustentar o uso de “adaptação” e “tradução” como sinônimos? – Se o texto de chegada resguarda vestígios do processo de adaptação, quais os vestígios da perda? – É possível uma arqueologia da adaptação/tradução (intersemiótica), partindo da obra como vestígio, para pensar o processo de que emerge. Por que não elaborar, à maneira…
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Cinema, vidro, delírio
1. Assisti Cinema before 1300 (Cinema antes de 1300, 2023), de Jerome Hiler, que fala da história da arte dos vitrais, especialmente a partir do século 12, como uma arqueologia do cinema. Cineasta, pintor e artista interessado no vidro como material de expressão, Hiler é, ao lado de Nathaniel Dorsky, um dos nomes do campo…