Autor: Marcelo Ribeiro
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Panorama, lacunas, caminhos
O caos de hoje na aula de História do Cinema, que destacou a década de 1920 e suas adjacências, não foi apenas o das minhas anotações no quadro. Construir panoramas históricos é um exercício incrível, equivocadamente desprezado por muita gente em nome de críticas a abordagens totalizantes. Não espero abranger e compreender tudo, mas sou…
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Notas sobre a neve negra
No inaugural Afrique sur Seine (África no Sena), de 1955, um curta de pouco mais de 21 minutos, Mamadou Sarr, Paulin Vieyra e outros estudantes africanos do Institut d’hautes érudes cinématographiques (IDHEC, atual FEMIS) reivindicam o direito de olhar, filmando a metrópole em que experimentam o desterro, diante da interdição estatal de filmagens nos territórios…
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Avoir 20 ans dans les Aurès
Este texto serviu de base para minha conferência na Mostra René Vautier, que ocorreu entre os dias 20 e 23/03/2018 no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG). Está também disponível online uma gravação da conferência, que ocorreu no dia 22/03/2018. O texto foi também publicado no catálogo do 7º Cinecipó – Festival do Filme Insurgente,…
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Fisionomia e fisiognomonia da merda
💩 No fim das contas, o que está em jogo é nossa relação com a merda. Vejam, por exemplo, o debate sobre o emoji da merdinha e sua possível multiplicação em diversos emojis de merdinha, que expressariam emoções variáveis. Além da felicidade sorridente já disponível, devidamente reconhecida pelo consórcio Unicode, desde 2010, sob o registro 1F4A9,…
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Qual história das teorias do cinema?
Há várias possibilidades de abordagem das teorias do cinema (e do audiovisual), e muitas delas supõem algum tipo de contextualização histórica do pensamento dos diferentes autores (e autoras, ainda que a presença das teóricas tenha permanecido mais reduzida até recentemente). A mera identificação de nomes e períodos é provavelmente insuficiente, se não problemática em seus…
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Diálogos sobre produção acadêmica
Um dos preceitos básicos do processo de publicação de textos acadêmicos, sobretudo de artigos, é a avaliação por pares, sem identificação de autoria do artigo proposto, bem como dos pareceres, que são emitidos por pessoas convidadas especificamente para isso. A prática da “avaliação cega por pareceristas ad hoc” está consagrada em parte significativa do modelo…
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Fantasmagorias do fantástico e do cinema
Este texto foi publicado originalmente no catálogo da mostra Poéticas do Fantástico: o sobrenatural na história da ficção moderna, que ocorreu de 9 a 21 de outubro de 2018, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Agradeço a Nuno Manna pelo convite para contribuir com o evento. # Todo filme abriga alguma relação com fantasmas1,…
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Rasurar o impossível
Minha formação musical e humana tem no Pink Floyd uma de suas pedras fundamentais. É um dos sons ao qual retorno quando desejo me encontrar, no meio de tudo, contra o que me afasta de mim mesmo. É uma das experiências que guardo e renovo, a cada vez, como um amuleto, ou a memória de…
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Auschwitz, memória, fantasma
Enquanto preparava a aula de hoje de Cinema e História, acabei fazendo uma visita virtual ao Museu de Auschwitz, por meio de recursos do Google. A certa altura, passei do registro externo da entrada do museu, capturado por uma das viaturas do Street View em junho de 2013, para uma fotografia em 360 graus, feita…
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Da crítica: a política dos corpos estranhos
No ano passado, em meio a uma das polêmicas críticas mais significativas dos últimos tempos, José Geraldo Couto iniciou assim um dos textos de sua cobertura de um dos festivais de cinema mais importantes do Brasil: Houve choro e ranger de dentes no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, sobretudo nos debates dos filmes,…
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Bolaño, Bolaños: a confusão como procedimento
Alguém perguntou num grupo virtual de que participo: “Quais escritores contemporâneos são os favoritos de vocês?” Aí me lembrei de Roberto Bolaño, o escritor de 2666 e tanta coisa incrível, que achava magistral e até se arriscava a dançar Aserejé, uma música de grande sucesso popular, assim como Chaves, o programa de TV de Roberto…
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A tradução comentada como antropofagia
O denso texto de Achille Mbembe que foi recentemente publicado em livro pela n-1 edições, Necropolítica, constitui uma versão atualizada (e ligeiramente modificada) da tradução publicada na revista Arte & Ensaios (no link, você pode baixar e ler o texto em PDF). O texto original também está acessível no site da Public Culture, de forma…
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Ver junto
Foram publicados hoje, 16 de maio de 2018, os anais do I Colóquio de Fotografia da Bahia (página arquivada). A Escola de Belas Artes da UFBA deu a notícia (página arquivada), que já está circulando nas redes também. Entre os textos, está aquele em que se baseou minha participação no evento. Reproduzo o texto a seguir, preservando…
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A pesquisa como deriva
É difícil imaginar um projeto de pesquisa que não se altere no decorrer de seu desenvolvimento. No meu caso, também não é fácil imaginar um projeto que não se altere de modo significativo. Na minha trajetória, apenas no mestrado desenvolvi uma pesquisa que correspondia mais diretamente ao projeto proposto inicialmente. Ainda assim, não há dúvidas…
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Desterro, desejo, delírio
Este texto foi publicado originalmente no catálogo da mostra Grandes Clássicos do Cinema Africano, que ocorreu de 14 a 16 de novembro de 2017, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Reivindicar o cinema talvez seja reivindicar, também, algum direito ao delírio. Na história dos cinemas africanos, reivindicar o cinema é reiterar o gesto fundamental…